Cinderela na pandemia

          Numa linda tarde de primavera, Cinderela sentia-se muito triste. Estava em confinamento em casa com a madrasta e as suas duas meias-irmãs e sentia muitas saudades do pai que faleceu infetado com o Covid 19.
          Cinderela era obrigada pela madrasta a limpar e a desinfetar toda a casa. Certo dia, receberam um convite do rei para uma festa. Devido ao distanciamento social, não se poderiam juntar muitas pessoas então, foram decretadas normas para a festa, esta seria prolongada por vários dias para que todas as pessoas do reino pudessem estar presentes, teriam que usar máscara e desinfetar as mãos à chegada e à saída. Mesmo assim, Cinderela ficou contente com o convite pois há muito tempo que sonhava ir a uma festa.
          -Eu posso ir à festa?- pergunta a Cinderela.
          -Claro - respondeu a madrasta! - Desde que acabes de limpar e desinfetar tudo, e terás que arranjar um vestido e como as lojas estão fechadas terás que comprar pela internet, não sei se chegará a tempo.
           Cinderela ficou contente por poder ir à festa, pois sabia que tinha um lindo vestido da mãe guardado dentro de um baú no seu quarto. Não seria preciso encomendar um novo. Para ficar mais bonito, Cinderela decidiu fazer alguns arranjos no vestido. Quando se estava a preparar para fazer as melhorias, a madrasta chamou por ela. Como não era da sua vontade que a Cinderela fosse à festa, começou a dizer que as tarefas não estavam prontas, teria que limpar os vidros e esfregar o chão de toda a casa.
          Cinderela estava novamente a limpar tudo e as irmãs não paravam de incomodar fazendo com que Cinderela se atrasasse ainda mais. Os seus amigos ratinhos estavam tristes pois viam o tempo a passar e Cinderela não poderia ir à festa. Enquanto isso, os ratinhos decidiram fazer o vestido por ela. Foram ao quarto das irmãs buscar decorações para o vestido e, com algum esforço e trabalho de equipa, o vestido ficou pronto. A madrasta e as irmãs estavam quase a partir quando Cinderela terminou as suas tarefas.
          - Cinderela, ainda não estás pronta?! - perguntou a madrasta com ironia.
           - Eu não vou … - suspirou a Cinderela
          Enquanto pegavam nas suas máscaras, a madrasta e as meias-irmãs faziam troça de Cinderela, o que a deixou muito triste. Mas, quando chegou ao seu quarto, mal abriu a porta, viu um lindo vestido digno de uma princesa.
           - É lindíssimo! - exclamou Cinderela.
           - Fico-vos eternamente grata! - disse ela aos seus amigos.
          Cinderela vestiu-se rapidamente. Quando chegou à sala, a madrasta e as meias-irmãs ficaram com inveja da beleza do vestido e como vingança estragaram-no para que Cinderela não fosse à festa. Cinderela ficou muito triste mas contou sempre com o apoio dos amigos ratinhos que assistiram a tudo sem poderem fazer nada para a defender. Cinderela estava quase a desistir quando ouviu uma voz doce a dizer para ter esperança que tudo ia correr bem. Cinderela olhou e viu uma velhinha.
           - Sou a tua fada madrinha – disse ela - .E tu tens de te preparar para a festa! Tenho de arranjar uma maneira de ires à festa em segurança.
          - E como? - perguntou a Cinderela.
          - Para evitar que te cruzes com muitas pessoas no caminho, preciso de uma abóbora, um cavalo, um cão e alguns ratinhos.
          Com o poder da sua varinha ela transformou os animais e a abóbora numa bonita carruagem puxada por lindos cavalos e controlada por um lindo cocheiro que usava máscara. A fada-madrinha dirigiu-se a Cinderela e disse:
          - Podes ir em segurança pois está tudo desinfetado e o cocheiro não tem covid-
19. Ao que Cinderela perguntou:
             - Mas como? Não tenho um vestido. . .
            A fada madrinha pediu desculpa e agitando a sua varinha, transformou os trapos num lindo vestido.
             -Não te esqueças, tens de sair da festa à meia-noite - acrescenta a fada madrinha.
           A caminho do palácio, Cinderela ia um pouco assustada, pois não sabia o que a aguardava no palácio. O rei e o grão-duque estavam nervosos pois alguns convidados esqueceram-se da máscara e o stock do palácio tinha acabado. Devido à pandemia, o contacto feito entre o príncipe e as jovens presentes era através de um vidro de acrílico já que não se podiam tocar. O rei e o grão-duque notaram que o príncipe estava aborrecido pois nenhuma das jovens lhe agradava. De repente, olhou para o lado e viu uma rapariga deslumbrante e chamou-a para conversar. Cinderela aceitou mas não sabia que estava a falar com o príncipe. As meias-irmãs da Cinderela ficaram furiosas pois o príncipe falou toda a noite com a Cinderela.
          - Estou a divertir-me muito na sua companhia! - disse o príncipe.
Cinderela sorriu.
            -Eu também - concordou ela.
            Subitamente soaram as doze badaladas da meia-noite.
            - Oh não! - gritou ela - Tenho de partir!
            - Porquê? - perguntou o príncipe.
           Mas a Cinderela fugiu do palácio sem olhar para trás. Na escadaria, perdeu um dos seus sapatos de cristal. Durante a sua fuga as roupas voltaram ao normal menos o segundo sapato de cristal. Entretanto, no palácio, o príncipe apanhou o sapato e ordenou que encontrassem a dona. Cinderela ao ter conhecimento que o príncipe andava à procura da dona do sapato de cristal pergunta-se:
          - Eu falei mesmo com o príncipe?
          A madrasta, como quer casar uma das suas filhas com o príncipe, atrai Cinderela ao seu quarto e tranca-a lá dentro. Os seus amigos ratinhos estavam atentos e roubam a chave e com muita dificuldade levam-na até Cinderela. Chega o grão-duque. A madrasta está louca de alegria: ela tem a certeza de que o sapato servirá a uma das suas filhas. Ela coloca a sua máscara e vai recebê-lo.
            -Esse sapato é meu! - grita a Drizela.
          Mas ela tem o pé demasiado grande. Após desinfetar o sapato, Anastácia grita:
          - O sapato pertence-me!
          Mas ela também tem o pé grande.
          -Estou desolada …- disse a madrasta
           -Mas …
           No momento em que Cinderela apareceu para experimentar o sapato, a madrasta fez o lacaio tropeçar e o sapato partiu-se todo. O grão-duque ficou nervoso mas Cinderela tranquiliza-o trazendo o outro sapato na mão. O príncipe ficou muito contente. Encontrou, por fim, a jovem com quem desejava casar. O príncipe ama a Cinderela do fundo do coração e, felizmente, a Cinderela também descobriu que o amava. No entanto, o casamento teve que ser adiado por causa do coronavírus.
Beatriz, 5ºA

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